Como lidar com a crise?

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Primeiramente é preciso entender  o conceito de que tudo na vida é cíclico. Vivemos imersos em ciclos. Sejam eles ciclos de vida, ciclos econômicos ou ciclos da natureza. Observe a sua vida. Certamente, houve vários ciclos nos quais esteve em alta e teve conquistas significativas na vida pessoal, na carreira ou até mesmo no amor. Assim como ocorreram ciclos de perdas, dificuldades e tristezas nessas mesmas áreas da vida. Momentos nos quais você viveu um crescimento econômico e épocas, como agora, de crise econômica e grandes  questionamentos quanto ao futuro do Brasil e do mundo. Shumpeter,  professor da Harvard, no século passado, evidenciou essa dinamicidade quando disse que a progressão não é aritmética, é senoidal. Em outras palavras, a progressão de indivíduos, empresas e a própria vida não é uma reta ascendente, é uma curva que ascende e decresce naturalmente, se não houver mudança ou inovação. É certo que tudo o que existe tem início, meio, fim e recomeço. O fim pode ser evitado se, antes de sucumbir, aprendermos a reinventarmo-nos. Assim, em lugar de perder o jogo e aceitar a morte anunciada no mar vermelho, precisamos criar um oceano azul a partir dos recursos internos disponíveis, que podemos organizar de forma única, diferenciada.

Jay Barney, um dos grandes pesquisadores de estratégia empresarial, trata da importância de olharmos para dentro das companhias, seus recursos internos tangíveis e intangíveis (máquinas, infraestrutura, cultura, capital, pessoas, lideranças, tecnologia, conhecimento, processos) em lugar de fixarmos nossa sorte ao ambiente em que a empresa está inserida (aspectos econômicos, políticos, concorrência). A partir da reorganização dos recursos internos, sobretudo dos recursos internos intangíveis (cultura, força da marca, pessoas, lideranças, conhecimento), podemos recriar a empresa existente e criar uma vantagem competitiva no mercado, independentemente das forças do ambiente externo.

É uma ilusão esperar o desenrolar da vida e da economia numa progressão linear, sem altos e baixos. E, nos momentos nos quais muitos beiram à queda livre, a melhor solução é usar esse momento para aprender. Isso significa aprender a aceitar a estação da crise para tirar o melhor proveito dela. Fazer isso é dar um significado à crise que o ajude a transcendê-la. Há duas palavras mágicas nesse contexto: aceitação e significado. A aceitação difere de resignação e requer significado. Perpassa por:

  1. Parar de reclamar do contexto que você vive (econômico, político, social ou de qualquer outra ordem). Enquanto a reclamação perdurar, inexistirá espaço para soluções.
  2. Parar de culpar os outros pela crise. Culpar é negar a nossa cota de responsabilidade para fazer algo a fim de mudar a situação.
  3. Começar a experimentar alternativas diferentes, mesmo sem os recursos ideais (financeiros, infraestrutura, pessoas). Aqui é o berço da criatividade, onde é possível conseguir soluções jamais imaginadas em tempos de vacas gordas.
  4. Começar a significar o que faz cotidianamente para que os esforços adicionais necessários neste período jamais sejam um peso, mas uma experiência valiosa e interessante.
  5. Desenvolver a consciência ampliada, aprender a ser além dos cargos, títulos e bens que possui para encontrar o seu porquê, um motivo inabalável que o torna forte e resiliente diante de cenários difíceis.
  6. Desenvolver um firme propósito que justifique empreender os  esforços quantas vezes forem necessárias para atingir o desejado.

Qual o significado da crise? Aprendizado. É o melhor momento para aprendermos e a época mais propícia para experimentar o novo. É neste período que nos fortalecemos e tornamo-nos verdadeiramente vencedores. Ganhar o jogo quando o placar está a seu favor é fácil. Agora, virar o placar requer mais do que táticas e estratégias. Táticas e estratégias nem sempre funcionam como se espera  em cenários difíceis, e quando isso acontece, faz-se necessária uma identidade fortalecida de um ser que acredita que está além do jogo e, por isso, enxerga-o numa perspectiva ampliada, capaz de, independentemente do resultado, permanecer na arena sem arrefecer porque acredita que encontrará a alternativa que mudará esse jogo a seu favor, mesmo que para isso quebre regras e, ao final, descubra que está jogando outro jogo. Entenda mais sobre este tema em nosso livro “Significado“.

Em suma, independentemente das dificuldades encontradas e do cenário que você vive hoje, o importante é o que você faz para mudar a realidade, mesmo que para isso precise mudar de profissão, mudar de empresa, reinventar a sua empresa ou criar outra. E para ter a capacidade de fazer tudo isso, requer-se um profundo alinhamento entre quem você é, o que faz e aufere na vida. Requer uma nova forma de encarar a vida, com todas as suas crises e oportunidades infindáveis. Faça-se alguns questionamentos: O que preciso aprender agora para superar este momento? O que preciso aprender agora para que, no momento que a crise passar, esteja à frente da concorrência? Se eu pudesse reinventar agora a minha empresa, a minha carreira, a minha vida ou minhas entregas, o que deveria ser feito?

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Lilia Barbosa e Creoncedes Sampaio